segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Plano de outorgas e novas concessões de aeroportos

Valor Econômico
31/10/2011

Aviação: Plano de outorgas definirá novas concessões
Por Daniel Rittner e Cristiano Romero | De Brasília

O governo só vai fazer novas concessões de aeroportos à iniciativa privada, incluindo o Galeão (no Rio de Janeiro) e Confins (Belo Horizonte), depois de elaborar um plano de outorgas para o setor. O plano já começou a ser desenhado pela Secretaria de Aviação Civil (SAC) e deverá ser um de seus principais trabalhos em 2012. "Queremos fazer um planejamento estrutural. Não podemos continuar tomando decisões com base em dificuldades de curtíssimo prazo", disse o ministro-chefe da SAC, Wagner Bittencourt.

Segundo ele, esse plano definirá a rede de aeroportos a ser mantida pela Infraero, os terminais que também poderão entrar na lista das concessões e aqueles que ficarão sob responsabilidade dos Estados. Quanto ao projeto do novo aeroporto de São Paulo, um empreendimento planejado pela Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez no município de Caieiras, Bittencourt é taxativo: ele é "incompatível" com o tráfego aéreo em outros cinco terminais na mesma área de influência - Guarulhos, Viracopos, Congonhas, Campo de Marte e Jundiaí. "Ao entrar no meio deles, o novo aeroporto tiraria capacidade dos demais aeroportos. Torna-se um investimento que não gera retorno para o sistema como um todo."

Preocupado com a chegada de jatos executivos para a Copa do Mundo de futebol de 2014, o ministro antecipou que haverá um plano de obras, incluindo investimentos em pátios de aeronaves, para permitir a aeroportos "próximos das grandes cidades" receber essa demanda. Bittencourt, no entanto, descarta estender o horário de funcionamento de Congonhas ou ampliar o limite de movimentos (pousos e decolagens) por hora, reduzido desde o acidente com o A320 da TAM, em 2007.

Construção de um aeroporto em Caieiras não é compatível com os outros cinco que já existem na região "

Ele entra também em uma discussão espinhosa: a desativação do Campo de Marte como aeroporto para a aviação geral, que se converteria na estação de São Paulo para o Trem de Alta Velocidade (TAV), segundo o projeto leiloado recentemente, sem sucesso. A nova tentativa de licitar o trem-bala será em 2012, mantendo esse projeto. É um assunto que assusta o pessoal da aviação, e Bittencourt não hesita em tomar partido: "Não existe isso. Não tem nada de desativação do Campo de Marte para o trem-bala."

Valor: Algumas empresas interessadas nas concessões dos aeroportos têm dúvidas a respeito da possibilidade de a demanda de passageiros atingir, nas próximas décadas, números tão altos como os 50 milhões de passageiros por ano estimados pelo governo para Guarulhos. O que o sr. tem a dizer?
Wagner Bittencourt: O número de 50 milhões de passageiros por ano é a capacidade que o aeroporto de Guarulhos terá. Essa capacidade foi definida com a participação do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo). Uma das premissas é que, com os investimentos que vamos fazer, os aeroportos poderão receber voos com distanciamento de três milhas náuticas no futuro, em vez de cinco milhas náuticas, que é o distanciamento hoje entre as aeronaves. Isso ocorrerá por causa de investimentos em pistas, saídas rápidas e aumento das posições de estacionamento nos pátios de aeronaves. Outra questão é a demanda.

Valor: Os números da demanda não estão exagerados?
Bittencourt: Cada um tem a sua estimativa. Nós fizemos a nossa e acreditamos que as premissas usadas são perfeitamente possíveis e adequadas. Com capacidade e produtividade maiores, esses aeroportos poderão receber muito mais passageiros. Isso abre espaço, inclusive, para uma política pública que incentive a entrada de novos concorrentes no mercado de companhias aéreas. O cenário futuro é de melhor infraestrutura, melhor atendimento ao passageiro e maior concorrência.

Valor: Como funcionará a redução da distância para três milhas náuticas nos pousos?
Bittencourt: Se aproximarmos mais os aviões haverá maior capacidade de pouso nos aeroportos. Mas, para isso, é preciso uma pista boa e saídas rápidas. Hoje, o avião vai até o fim da pista e dá toda a volta. Se ele tiver capacidade de sair antes, não vai atrapalhar o pouso de quem vem atrás. Mas precisa também ter onde estacionar.

Valor: Isso valerá para outros aeroportos do país ou somente para os três que o governo está concedendo à iniciativa privada?
Bittencourt: Estamos trabalhando com essa perspectiva para os três aeroportos. As obras necessárias para permitir a redução do distanciamento estará no plano de investimentos dos futuros concessionários.

Valor: O distanciamento menor implicará restrições ao pouso de aeronaves menores, como jatos executivos, nos grandes aeroportos?
Bittencourt: Esse é um problema. Se um avião pequeno fica em uma distância menor de um avião grande, pode pegar turbulência. Vamos ter que otimizar isso, com planejamento para o uso de duas pistas, quem pousa onde. Isso tudo foi calculado pelo Decea, pela Infraero, pela Anac e por especialistas de consultorias. É um projeto que tem, por trás, um grande trabalho de avaliação técnica e que permitirá o aumento da capacidade para mais de 50 milhões de passageiros tanto em São Paulo quanto em Brasília. Viracopos, como tem espaço e ficará com quatro pistas, chegará a quase 90 milhões de passageiros por ano.

Valor: Isso é comparável a qual aeroporto no exterior?
Bittencourt: É equivalente ao aeroporto de Houston [nos Estados Unidos], que é o maior do mundo, hoje.

O governo priorizou Guarulhos, Viracopos e Brasília porque são os três aeroportos mais críticos"

Valor: A Camargo Corrêa e a Andrade Gutierrez insistem no projeto de um terceiro aeroporto em São Paulo. Essa ampliação da capacidade dos aeroportos já existentes sepulta as discussões sobre esse empreendimento em Caieiras?
Bittencourt: Para autorizarmos um aeroporto, precisamos de avaliações técnicas, antes de mais nada. A posição do Decea é que esse aeroporto não é compatível com os outros cinco aeroportos que já existem na região - Guarulhos, Viracopos, Congonhas, Campo de Marte e o de Jundiaí. Ao entrar no meio deles, o novo aeroporto tiraria capacidade dos demais aeroportos. Torna-se um investimento que não gera retorno para o sistema como um todo. Não é um posicionamento da Secretaria de Aviação Civil, que nem sequer tem competência para isso, mas sim um posicionamento técnico do Decea.

Valor: Há quem diga que o governo não falará sobre o novo aeroporto de São Paulo agora, para não atrapalhar as concessões de Guarulhos e de Viracopos, mas entrará no assunto mais à frente.
Bittencourt: Não é isso, é uma questão técnica. Com as concessões, o aeroporto de Guarulhos será ampliado e atingirá sua capacidade máxima por volta de 2020. Até lá, é quem atenderá a demanda de São Paulo. Depois, quem vai segurar a demanda é Viracopos, que terá um aumento progressivo de capacidade até alcançar 90 milhões de passageiros por ano, em 2034. Nesse momento, teremos que arrumar um outro aeroporto. Estamos estudando alternativas. Mas o inteligente é construir um novo aeroporto onde você agregue, em vez de retirar capacidade.

Valor: O governo considera a hipótese de estender o horário de funcionamento de Congonhas ou de liberar mais movimentos por hora?
Bittencourt: Não vamos aumentar a capacidade de Congonhas. O tamanho do aeroporto já está definido e assim vai ficar.

Valor: Mesmo provisoriamente, durante a Copa do Mundo, para a aviação executiva?
Bittencourt: Não vai se fazer nada disso. Vamos atender São Paulo, para a Copa do Mundo, com a ampliação de Guarulhos e Viracopos. Os concessionários terão metas a cumprir para atender a demanda.

Valor: E como lidar com o possível fechamento do Campo de Marte, mais à frente, para dar lugar à estação do trem-bala em São Paulo?
Bittencourt: Não tem nada disso, de o trem-bala desativar o Campo de Marte.

Valor: Mas está no projeto do trem-bala...
Bittencourt: Não existe isso. Não tem nada de desativação do Campo de Marte para o trem-bala.

Valor: Como será atendida a aviação executiva durante a Copa?
Bittencourt: Estamos discutindo, não só por causa da Copa, que terá momentos de pico, locais para onde esses aviões possam ser direcionados para que não impactem demais os aeroportos comerciais. Estamos identificando esses locais, alguns já estão pré-definidos, mas precisamos fazer estudos adicionais. Evidentemente eles terão que estar perto das cidades-sede. Alguns terão que receber obras de pátios de aeronaves, o que é rápido de fazer. Se a aviação comercial tem cerca de 500 aeronaves no Brasil hoje, a aviação geral possui 12 mil. É a segunda maior frota do mundo, só perde para a dos Estados Unidos, com 200 mil.

Valor: Para a Copa, a ideia é dar um aproveitamento melhor para aeroportos como o Campo de Marte e Jacarepaguá ou usar horários ociosos dos grandes aeroportos comerciais?
Bittencourt: Não queremos poluir os grandes aeroportos, a não ser que possamos acomodar a demanda em alguns horários. Mas o volume que teremos nos dias de pico deve ser tão grande que o problema não é só pousar, mas ter pátio para estacionar as aeronaves. É por isso que estamos olhando alguns aeroportos, perto das grandes cidades, para prepará-los para a Copa. A prioridade para os grandes aeroportos são as aeronaves comerciais.

Valor: O Galeão é um aeroporto muito degradado. Por que não colocá-lo logo na fila dos aeroportos para concessão em 2012?
Bittencourt: O governo priorizou Guarulhos, Viracopos e Brasília porque são os três aeroportos mais críticos. A demanda estava chegando ao limite da capacidade, ou já tinha passado esse limite no caso de Guarulhos, e precisávamos de uma decisão rápida para os investimentos relacionados às nossas obrigações com a Copa do Mundo. Hoje, o Galeão tem capacidade para atender a demanda. Há problemas, evidentemente, mas a Infraero está investindo para concluir o terminal 2 até maio de 2013. A reforma do terminal 1 ficará pronta em dezembro de 2013. É um aeroporto de 40 anos. Um apartamento dessa idade, que nunca passou por reformas hidráulicas e elétricas, apresenta problemas. Nesse caso, reformamos o piso, o teto e agora vamos mexer na parte hidráulica, como os banheiros, e na parte elétrica, inclusive o ar-condicionado. Escadas rolantes e elevadores já foram comprados, mas levam um tempo para serem montadas.

Valor: Mas o governo já tem uma posição sobre a concessão do Galeão ao setor privado?
Bittencourt: Estamos discutindo no governo um plano de outorgas para saber como vamos atender o crescimento da aviação comercial, que aeroportos poderão ser concedidos, quais deverão atender a aviação geral. Queremos fazer um planejamento estrutural de longo prazo, coisa para 30 anos. Não podemos continuar tomando decisões com base em dificuldades de curtíssimo prazo. O plano de outorgas, que estamos discutindo e que está bem adiantado, faz parte disso.

Valor: Parecia já haver uma definição de que, depois dos três primeiros aeroportos, também o Galeão e Confins passariam para a iniciativa privada. Pelo que o sr. informa, a definição só virá depois do plano de outorgas?
Bittencourt: É isso. Vamos definir com o que o governo e a Infraero querem ficar e o que poderá ser privado ou de Estados e de municípios. Não faltam interessados em investir em aeroportos no Brasil. As expectativas para o crescimento do país, mesmo que ele diminua um pouco nos próximos anos, são muito boas.

Valor: O aprofundamento da crise internacional, nas últimas semanas, pode diminuir o interesse de investidores estrangeiros nos três primeiros leilões?
Bittencourt: O país talvez cresça menos que o seu potencial, mas vai crescer. E a elasticidade da aviação civil em relação ao PIB é de 2,5. Ou seja, o setor crescerá durante muito tempo. Mais gente começará a usar avião porque a concorrência vai aumentar com a ampliação dos aeroportos e com a maior capacidade de distribuir hotrans (horários para pousos e decolagens). O avião não é mais um meio elitista de transporte, é um meio de transporte de massa.

Valor: O governo já tem um plano para a aviação regional?
Bittencourt: A primeira coisa de que a aviação regional precisa é infraestrutura de qualidade. Recebemos um estudo da Abetar (associação de empresas de transporte aéreo regional), pelo qual as companhias dizem, partindo só da premissa do turismo, que querem voar para 174 aeroportos no Brasil. Hoje temos voos regulares para 130 aeroportos. Em 1999, eram 180. Para isso, a Abetar definiu uma série de municípios que requerem investimentos, como pistas, pátios de aeronaves, terminais, sinalização, bombeiros. Esse investimento seria de R$ 2,4 bilhões até 2014. Vamos identificar, com os Estados, outras lógicas que não são apenas a do turismo, mas a do desenvolvimento econômico.

Valor: E o governo vai desembolsar recursos para os aeroportos regionais?
Bittencourt: Com a criação da Secretaria de Aviação Civil, foi criado também o Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC). Ele servirá para investir em aeroportos regionais. Já temos o Profaa, que foi para dentro do FNAC, com cerca de R$ 180 milhões por ano. Existem outras fontes governamentais que podemos transferir para dentro do fundo e talvez possam dar alguma coisa mais ou menos desse tamanho. E a modelagem das concessões prevê contribuições ao sistema, tanto as fixas quanto as variáveis, que serão destinadas a fortalecer o fundo.

Valor: Discussões anteriores sobre a aviação regional acabavam resvalando em subsídios para a implantação de rotas consideradas pouco viáveis sem esses estímulos. Isso está na pauta?
Bittencourt: Podemos discutir isso, mas temos que fazer antes o que dá mais resultado. Se não investirmos em infraestrutura, não aumentaremos a competitividade das empresas aéreas. A maior participação do governo deve ser essa. E o que as companhias querem é isso mesmo: ter uma pista adequada e bem sinalizada, pousar à noite sem risco, colocar seus passageiros em um bom terminal. Obviamente, estamos pensando em outras medidas para elevar a competitividade como um todo, não só a da aviação regional, mas elas ainda estão em estágio embrionário.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Manifestação de interesse em PPP

Manifestação de interesse em PPP

Por Mariana C. de Souza

Recentemente, o governo do Estado de São Paulo publicou o Decreto nº 57.289, de 30 de agosto, para detalhar o procedimento de apresentação, análise e aproveitamento de propostas, estudos e projetos ou levantamentos encaminhados pela iniciativa privada, com vistas à inclusão de projetos no seu programa de parcerias público-privadas (PPP). Trata-se do procedimento de manifestação de interesse da iniciativa privada.

É de conhecimento geral a existência de enormes gargalos nos mais diversos setores de infraestrutura no Brasil. Essa situação tem-se verificado de forma mais patente diante da proximidade de dois eventos de extrema importância e magnitude: a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.

Na tentativa de superar, ao menos em parte, esses gargalos, a União, os Estados e os municípios têm buscado parcerias com a iniciativa privada, por meio dos institutos previstos na legislação: concessões de obras e serviços públicos e parcerias público-privadas.

Ocorre que a contratação de concessões de obras e serviços públicos e de PPP demanda a prévia definição de projetos prioritários e a consequente elaboração de estudos e levantamentos relativos a esses projetos. E como a União, os Estados e os municípios podem levar a cabo tudo isso?

Há, basicamente, três alternativas. A primeira é a utilização de corpo técnico próprio, o que, no Brasil, dificilmente se verifica, justamente pelo número reduzido de servidores aptos à realização de estudos de alta complexidade. A segunda é a contratação de profissionais para a elaboração desses estudos, por meio do pagamento de quantia a ser definida em procedimento licitatório, sendo, contudo, tal pagamento independente da utilização ou não de tais estudos e projetos. Finalmente, a terceira é a adoção do instituto da manifestação de interesse, previsto na atual legislação brasileira que regula as concessões de serviços públicos: a Lei Federal nº 8.987, de 1995.

A administração pública e a iniciativa privada ganham com esse procedimento

Pelo procedimento de manifestação de interesse, o particular (pessoa física ou jurídica), às suas custas, elabora e apresenta à administração pública federal, estadual ou municipal, estudos, propostas ou levantamentos relativos a determinado projeto. Tais estudos podem ou não ser aproveitados em futura licitação para a contratação de concessões ou PPP. Se não o forem, o particular não terá qualquer direito ao ressarcimento pelos custos com a sua elaboração. A administração pública, nesse caso, não desembolsa qualquer valor pelo trabalho elaborado pela iniciativa privada.

Se, diversamente, os estudos, propostas ou levantamentos elaborados pela iniciativa privada na manifestação de interesse forem utilizados para a realização de licitação, o licitante vencedor, e não a administração pública, deverá ressarcir ao seu autor os custos com os quais tiver incorrido.

Portanto, por meio da manifestação de interesse, por um lado, a administração pública pode ter acesso a estudos, propostas e levantamentos referentes a projetos dos mais diversos setores de infraestrutura, sem que isso represente qualquer custo direto aos cofres públicos. Por outro lado, a iniciativa privada tem a possibilidade de catalisar o desenvolvimento de determinado projeto que, sem a sua participação, provavelmente, nunca sairia do papel. Consequentemente, o desenvolvimento de um número maior de projetos de PPP e concessões de obras e serviços públicos aumenta, para a iniciativa privada, as chances de negócios a serem contratados e/ou financiados. Em resumo, ganha a administração pública e ganha a iniciativa privada.

A manifestação de interesse para a elaboração dos estudos de viabilidade, desde que utilizada criteriosamente e para projetos de efetivo interesse público, pode ser um importante meio de toda a sociedade colaborar com a administração pública na estruturação de projetos e na destinação de seus esforços e recursos, sem que isso, porém, represente custo ao erário público.

Vale mencionar que a publicação do decreto estadual paulista confirma uma tendência cada vez mais presente no âmbito da União, dos Estados e dos municípios. No âmbito da União, por exemplo, o Decreto Federal nº 5.977, de 1º de dezembro de 2006, regulamenta a apresentação de projetos, estudos, levantamentos ou investigações a serem utilizados em modelagens de PPP promovidas pela administração pública federal.

Alguns Estados, como Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco, bem como o Distrito Federal, também já editaram normas regulamentando o procedimento de manifestação de interesse nas suas esferas. Municípios como Belo Horizonte e Natal, dentre muitos outros em todo o Brasil, possuem regras próprias no mesmo sentido.

Com base em regulamentações próprias ou nas Leis nº 8.987 e nº 9.074, ambas de 1995, nos casos em que não há essa regulamentação (lembrando que a existência de regras próprias não é condição para a realização do procedimento de manifestação de interesse), os entes federados têm, na prática, promovido a manifestação de interesse, verificando-se já as primeiras licitações realizadas a partir de estudos e levantamentos elaborados pela iniciativa privada.

Quiçá a manifestação de interesse venha, de fato, a estimular o desenvolvimento de projetos em infraestrutura, os quais, justamente, contribuirão para a diminuição da infinidade de problemas estruturais atualmente enfrentados no País.

Mariana Campos de Souza é sócia da área de direito administrativo do Escritório Lacaz Martins, Pereira Neto, Gurevich e Schoueri Advogados

Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

SEGURO. TRANSPORTE. MERCADORIA. RELAÇÃO MERCANTIL. INAPLICABILIDADE. CDC.


SEGURO. TRANSPORTE. MERCADORIA. RELAÇÃO MERCANTIL. INAPLICABILIDADE. CDC.

Trata-se, na origem, de ação de reparação de danos contra seguradora e empresa de transporte, na qual a autora (também seguradora) afirma que celebrou com sociedade empresária contrato de seguro de transporte de mercadoria por ela vendida e que no curso do trajeto o veículo transportador da ré tombou, espalhando a carga na pista. Argumenta, ainda, que diante da sub-rogação do direito de sua segurada (sociedade empresária), está habilitada a promover em relação à empresa de transporte (ré) e sua seguradora (corré), a cobrança dos prejuízos ocasionados. No caso, trata-se de relação comercial entre a seguradora e a transportadora, na qual celebraram contrato de transporte rodoviário de mercadoria a ser entregue a cliente, não existindo relação de consumo, conforme o disposto no art. 2º do CDC. A relação jurídica existente entre seguradora e transportadora é de caráter mercantil, não podendo, em regra, serem aplicadas as normas inerentes às relações de consumo, pois as mercadorias não tinham como destinatária final qualquer das partes da relação contratual. Ademais, conforme as instâncias ordinárias, a seguradora utilizou a prestação do serviço da ré transportadora como insumo dentro do processo de transformação, comercialização ou na prestação de serviço a terceiros, não se coadunando, assim, com o conceito de consumidor propriamente dito, mas tão somente a exploração de atividade econômica visando o lucro. No transporte rodoviário de carga realizado sob a égide do CC/1916, ausente relação de consumo, afasta-se o CDC e se aplica o Código Comercial e legislação especial. Logo, conforme o art. 9º, do Dec. n. 2.681/1912, o prazo prescricional aplicável ao caso é ânuo. Daí a Turma não conheceu do recurso. Precedentes citados do STF: RE 90.265-SP, DJ 11/12/1978; RE 31.922-DF, DJ 16/11/1956; do STJ: REsp 1.196.541-RJ, DJe 15/3/2011, e REsp 1.038.645-RS, DJe 24/11/2010. REsp 982.492-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/9/2011.


INDENIZAÇÃO. SERVIÇO. PACOTE TURÍSTICO.

Trata-se, na origem, de ação de indenização por danos materiais e morais contra empresa de turismo, uma vez que os autores-recorrentes sofreram transtornos e aborrecimentos durante viagem internacional, face ao não cumprimento de termos do contrato de pacote turístico para assistir a Copa do Mundo de Futebol realizada na França. O tribunal a quo afastou a responsabilidade objetiva do fornecedor do serviço ao entender que haveria culpa exclusiva de terceiro quanto ao fornecimento dos ingressos para o jogo inaugural da seleção brasileira de futebol e, quanto aos demais fatos narrados na inicial, não caracterizariam dano moral, mas simples aborrecimentos, desconfortos insuscetíveis de indenização. Segundo as instâncias ordinárias, a recorrida deixou os recorrentes sem assistência e tendo que adotar providências eles próprios quando ocorreram transtornos na parte aérea do pacote em razão de greve dos aeroviários. Também houve mudança de itinerários e hospedagem em hotel de categoria inferior à contratada. A Turma, entre outras questões, assentou que a jurisprudência do Superior Tribunal é no sentido de que a agência de turismo que comercializa pacotes de viagem responde solidariamente, nos termos do art. 14, § 3º, II, do CDC, pelos defeitos na prestação dos serviços que integram o pacote. Assim, inquestionável o dano moral sofrido pelos autores recorrentes. A perda do jogo inaugural da seleção brasileira de futebol no referido torneio, a mudança unilateral de roteiro, com troca de cidades e a hospedagem em hotéis de categoria inferior ao contratado – sendo os autores acomodados em hotel de beira de estrada – são circunstâncias que evidenciam a má prestação do serviço, situações que não se restringem a um simples aborrecimento de viagem, configurando, sim, um abalo psicológico ensejador de dano moral. Daí a Turma conheceu do recurso e deu-lhe parcial provimento para reconhecer a ocorrência de dano moral, fixando o valor de R$ 20.000,00 para cada um dos autores, com correção monetária e juros de mora incidindo a partir da data de julgamento neste Superior Tribunal, vencido parcialmente o Min. Luis Felipe Salomão, que fixava os juros a partir da citação. REsp 888.751-BA, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 27/9/2011.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Conceito de navio - Case Law (US)

http://openjurist.org/266/f2d/769/offshore-company-v-m-robison-robison

"This case propounds a riddle: When is a roughneck a seaman? The complainant offers the solution: under the Jones Act-- when the roughneck is injured while working as a member of a drilling crew on a mobile drilling platform towed to a well located in navigable waters."

O "Jonas" do navio

Jonah in sailors' superstition

A long-established expression among sailors uses the term "a Jonah" as meaning a person (either a sailor or a passenger) whose presence on board brings bad luck and endangers the ship.[17] Later on, this meaning was extended to "a Jonah" referring to "a person who carries ajinx, one who will bring bad luck to any enterprise."[18] An example of a so-called "Jonah" would be that of the sailor in Samuel Taylor Coleridge's The Rime of the Ancient Mariner, who was supposedly cursed to be lost at sea after he killed an albatross.


Fonte:

http://en.wikipedia.org/wiki/Jonah#The_story_of_Jonah

Não há relação de consumo entre a transportadora e a empresa que contrata seus serviços

11/10/2011 - 08h07
DECISÃO
Seguradora tem prazo de um ano para ação de regresso antes do novo Código Civil
Não há relação de consumo entre a transportadora e a empresa que contrata seus serviços, quando a contratante não é a destinatária final da mercadoria transportada. Por isso, em caso de sinistro, a seguradora que indenizou a contratante pelos danos à mercadoria não poderá invocar as regras do Código de Defesa do Consumidor (CDC) ao cobrar o ressarcimento da transportadora ou da seguradora desta. 

Com base nesse entendimento, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não conheceu de recurso da Chubb do Brasil Companhia de Seguros, por considerar que o prazo de prescrição aplicável ao caso é de um ano – não de cinco anos, como seria pelo CDC. 

A ação de reparação de danos foi proposta pela Chubb contra a Buturi Transportes Rodoviários Ltda. e a sua seguradora Yasuda Seguros S/A. Segundo alegou, ela havia assinado contrato com a Satipel Industrial S/A para dar cobertura ao transporte de mercadorias vendidas ou embarcadas pela empresa, com vigência a partir de 1º de março de 2001. A transportadora Buturi foi contratada em 12 de dezembro de 2001. No dia 13 deveria entregar mercadorias em Ribeirão Pires (SP), mas, no caminho, o veículo tombou, espalhando a carga pela pista. 

A Chubb arcou com a indenização securitária no valor de R$ 22.442,11, tendo alienado o que pôde ser aproveitado pelo valor de R$ 4.080,00. Na ação, afirmou que, diante da sub-rogação do direito de seu segurado, estava habilitada a promover a cobrança dos prejuízos em face da transportadora e de sua seguradora, a Yasuda.

Em primeira instância, os pedidos foram julgados improcedentes. Segundo entendeu o juízo da 22ª Vara Cível de São Paulo, houve prescrição. A sentença observou que, não havendo relação de consumo entre o segurado (no caso, a Chubb) e a transportadora, a prescrição é anual, nos termos do artigo 9º do Decreto 2.681/1912, combinado com o artigo 449 do Código Comercial. 

A Chubb apelou e a Yasuda interpôs recurso adesivo à apelação para o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Foram negados. O tribunal paulista afastou a aplicação do CDC, entendendo que a segurada sub-rogada não se amolda à figura do consumidor, sendo anual o prazo prescricional. 

Caráter mercantil

No recurso para o STJ, a Chubb alegou que a Satipel contratou os serviços da transportadora para que a mercadoria fosse entregue ao destinatário indicado no documento, caracterizando relação de consumo. Sustentou, ainda, que o transporte de mercadoria vendida não integra a cadeia negocial e que, no caso, incide o prazo prescricional quinquenal previsto no artigo 27 do CDC. 

De forma unânime, a Quarta Turma não conheceu do recurso, entendendo que o caso trata de relação comercial entre a segurada e a transportadora, que celebraram contrato de transporte rodoviário de mercadoria a ser entregue a cliente, não existindo relação de consumo, conforme disposto no artigo 2º do CDC. 

"A relação jurídica existente entre a segurada e a transportadora ostenta nítido caráter mercantil, não podendo, em regra, ser aplicadas as normas inerentes às relações de consumo, pois as mercadorias não tinham qualquer das partes da relação contratual como destinatária final", afirmou o relator do recurso, ministro Luis Felipe Salomão. 

Segundo observou o relator, o segurado utilizou a prestação de serviço da ré transportadora como insumo dentro do processo de transformação, comercialização ou prestação de serviços a terceiros, com o intuito de lucro, sendo por isso anual o prazo de prescrição aplicável ao caso. 

O ministro Salomão lembrou ainda que o transporte de pessoas e coisas está regulado atualmente pelo Código Civil de 2002, mas os fatos do caso em julgamento se passaram sob a vigência do código anterior, de 1916, e a prescrição de um ano era prevista pelo Decreto 2.681. 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A vez dos aeroportos

O Globo
11/10/2011

A vez dos aeroportos
Leilão dos terminais de Guarulhos, Brasília e Viracopos prevê investimentos de R$ 19 bi
Geralda Doca
geralda@bsb.oglobo.com.br

BRASÍLIA e RIO Os investidores privados que assumirem Guarulhos (São Paulo), Brasília e Viracopos (Campinas) terão que aplicar R$ 19,661 bilhões nos três aeroportos ao longo da concessão. Além disso, terão que pagar à União uma outorga (lance mínimo do leilão) de R$ 2,888 bilhões, somando os três terminais. Os números estão no modelo financeiro a ser anunciado depois de amanhã e encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU). O governo quer realizar o leilão em 22 de dezembro, mas, ontem, o ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, admitiu que ele pode ser adiado.

Segundo a minuta do edital, à qual o GLOBO teve acesso, a outorga mais alta é a de Guarulhos: R$ 2,292 bilhões. O investimento mínimo é de R$ 5,795 bilhões. Quem levar o terminal internacional paulista — o mais lucrativo — terá de desembolsar taxa adicional de 10% da Receita Brutal Anual à União, nos 20 anos de concessão.

O maior investimento é para Viracopos, que o governo quer transformar no maior aeroporto da América Latina (com até quatro pistas de pouso e decolagem). São R$ 10,751 bilhões. A outorga será fixada em R$ 521 milhões mais 5% da Receita Brutal Anual à União, nos 30 anos de concessão.

A outorga mínima de Brasília será de R$ 75 milhões (mais 2% da Receita Bruta Anual à União), com investimento mínimo de R$ 3,115 bilhões. A concessão será de 25 anos.

Para cumprir determinação da presidente Dilma Rousseff e realizar o leilão no prazo, os órgãos têm até quinta-feira para concluir o modelo da concessão e enviá-lo ao TCU. Os termos jurídicos já estão em consulta pública há pouco mais de uma semana no site da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), mas o Tribunal quer fazer sua análise com os dados completos.

Segundo fontes, os técnicos estão correndo para um ajuste fino nos números, que terão que passar ainda pelo crivo do Tesouro Nacional. O modelo financeiro é esperado com expectativa pelo setor privado. A outorga fixada para cada um dos aeroportos é o valor mínimo do lance. A previsão do governo é que o investidor ofereça mais que o dobro para Guarulhos. Ou seja, poderá passar dos R$ 4 bilhões.

O lance mínimo baixo em Brasília se deve à peculiaridade do aeroporto, que virou um importante hub (centro de distribuição de rotas), com conexões para 44 cidades em todas as regiões, mas não é tão lucrativo. Teve em 2010 receita de R$ 130 milhões, a menor dos três. O primeiro da lista é Guarulhos, com R$ 770 milhões, seguido por Viracopos com R$ 264 milhões.

Também já está certo que a participação da Infraero nas Sociedades de Propósito Específico (SPEs), que assumirão a gestão dos aeroportos, deverá ser a mesma nos três terminais. As regras permitem até 49%, mas, na última versão da documentação, a fatia foi fixada pela União em 45%.

Com a entrada do sócio privado, a Infraero terá que investir menos do que o programado para os aeroportos da Copa. Segundo estimativas, a cada R$ 1 aplicado, a estatal terá que investir só R$ 0,15. O cronograma prevê investimentos de R$ 3 bilhões nos três aeroportos até 2014. O objetivo é que a Infraero use parte dos dividendos para investir em outros terminais da rede. Já o dinheiro da tarifa adicional, a ser cobrada sobre a receita bruta de cada aeroporto, será destinado ao desenvolvimento dos terminais regionais. Segundo a minuta, essa tarifa poderá ser ainda maior se a renda bruta do aeroporto for superior ao teto definido pelo governo. No caso de Guarulhos, poderá chegar a 15%; em Viracopos, a 7,5%; e em Brasília, a 4,5%.

Empresas aéreas estão fora do leilão

● Os investimentos previstos para o setor privado no modelo financeiro são o mínimo exigido para ampliar a infraestrutura. As regras preveem gatilhos que serão disparados segundo a demanda. Entre os investimentos obrigatórios estão a construção de um terceiro terminal de passageiros em Guarulhos e ampliação de pátio e pista. Em Brasília, um novo terminal, segundo viaduto, com aumento da capacidade de pátio e pista. Já Viracopos requer uma intervenção geral.

As companhias aéreas, que não poderão participar do leilão, terão que cobrar uma tarifa extra de R$ 7 por passageiro em conexão nos voos domésticos e internacionais.

Segundo Wagner Bittencourt, os compromissos assumidos pela Secretaria de Aviação Civil, como a divulgação da minuta do edital do leilão, foram cumpridos no prazo, mas é possível que outros órgãos envolvidos no processo, como o TCU, demorem a se manifestar, atrasando o evento.

— Não é impossível fazer (o leilão na data), mas não gostaria que a gente usasse isso como um instrumento de pressão sobre outras instituições.

COLABOROU Danielle Nogueira

sábado, 8 de outubro de 2011

Volga case

https://maritimejournal.murdoch.edu.au/archive/vol_17/Vol_17_2003White&Knight.pdf

http://www.itlos.org/fileadmin/itlos/documents/press_releases_english/PR_No.75.pdf

Implementação da Parte XI da Convenção sobre o Direito do Mar

[edit]

http://en.wikipedia.org/wiki/United_Nations_Convention_on_the_Law_of_the_Sea#Part_XI_and_the_1994_Agreement

Part XI and the 1994 Agreement

Part XI of the Convention provides for a regime relating to minerals on the seabed outside any state's territorial waters or EEZ (Exclusive Economic Zones). It establishes an International Seabed Authority (ISA) to authorize seabed exploration and mining and collect and distribute the seabed mining royalty.

The United States objected to the provisions of Part XI of the Convention on several grounds, arguing that the treaty was unfavorable to American economic and security interests. Due to Part XI, the United States refused to ratify the UNCLOS, although it expressed agreement with the remaining provisions of the Convention.

From 1983 to 1990, the United States accepted all but Part XI as customary international law, while attempting to establish an alternative regime for exploitation of the minerals of the deep seabed. An agreement was made with other seabed mining nations and licenses were granted to four international consortia. Concurrently, the Preparatory Commission was established to prepare for the eventual coming into force of the Convention-recognized claims by applicants, sponsored by signatories of the Convention. Overlaps between the two groups were resolved, but a decline in the demand for minerals from the seabed made the seabed regime significantly less relevant. In addition, the decline of Socialism and the fall of Communism in the late 1980s had removed much of the support for some of the more contentious Part XI provisions.

In 1990, consultations were begun between signatories and non-signatories (including the United States) over the possibility of modifying the Convention to allow the industrialized countries to join the Convention. The resulting 1994 Agreement on Implementation was adopted as a binding international Convention. It mandated that key articles, including those on limitation of seabed production and mandatory technology transfer, would not be applied, that the United States, if it became a member, would be guaranteed a seat on the Council of the International Seabed Authority, and finally, that voting would be done in groups, with each group able to block decisions on substantive matters. The 1994 Agreement also established a Finance Committee that would originate the financial decisions of the Authority, to which the largest donors would automatically be members and in which decisions would be made by consensus.

On February 1, 2011, the Seabed Disputes Chamber of the International Tribunal for the Law of the Sea (ITLOS) issued an advisory opinion concerning the legal responsibilities and obligations of States Parties to the Convention with respect to the sponsorship of activities in the Area in accordance with Part XI of the Convention and the 1994 Agreement.[5] The advisory opinion was issued in response to a formal request made by the International Seabed Authority following two prior applications the Authority's Legal and Technical Commission had received from the Republics of Nauru and Tonga regarding proposed activities (a plan of work to explore for polymetallic nodules) to be undertaken in the Area by two State-sponsored contractors (Nauru Ocean Resources Inc. (sponsored by the Republic of Nauru) and Tonga Offshore Mining Ltd. (sponsored by the Kingdom of Tonga). The advisory opinion set forth the international legal responsibilities and obligations of Sponsoring States AND the Authority to ensure that sponsored activities do not harm the marine environment, consistent with the applicable provisions of UNCLOS Part XI, Authority regulations, ITLOS case law, other international environmental treaties, and Principle 15 of the UN Rio Declaration.[6]


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Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 6.440, DE 23 DE ABRIL DE 2008.

 

Promulga o Acordo Relativo à Implementação da Parte XI da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 10 de dezembro de 1982, concluído em Nova York, em 29 de julho de 1994.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição,

Considerando que o Congresso Nacional aprovou o Acordo Relativo à Implementação da Parte XI da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 10 de dezembro de 1982, concluído em Nova York, em 29 de julho de 1994, por meio do Decreto Legislativo no 270, de 4 de outubro de 2007;

Considerando que o Governo brasileiro depositou o instrumento de ratificação do referido Protocolo em 25 de outubro de 2007; 

DECRETA

Art. 1o  O Acordo Relativo à Implementação da Parte XI da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 10 de dezembro de 1982, concluído em Nova York, em 29 de julho de 1994, apenso por cópia ao presente Decreto, será executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém. 

Art. 2o  São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar em revisão do referido Acordo, assim como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. 

Art. 3o  Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. 

Brasília, 23 de abril de 2008; 187º da Independência e 120º da República. 

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Samuel Pinheiro Guimarães Neto

Este texto não substitui o publicado no DOU de 24.4.2008

ACORDO RELATIVO À IMPLEMENTAÇÃO DA PARTE XI DA CONVENÇÃO DAS
NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO MAR DE 10 DE DEZEMBRO DE 1982
 

Os Estados Partes neste Acordo, 

Reconhecendo a importante contribuição da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 10 de dezembro de 1982 (doravante denominada "a Convenção") para a manutenção da paz, a justiça e o progresso para todos os povos do mundo, 

Reafirmando que o leito do mar, os fundos marinhos, e o seu subsolo além dos limites da jurisdição nacional (doravante denominado "a Área"), bem como os recursos da Área, são patrimônio comum da humanidade, 

Conscientes da importância da Convenção para a proteção e a preservação do meio ambiente marinho e da crescente preocupação com o meio ambiente global, 

Tendo considerado o relatório do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre os resultados das consultas informais entre Estados, realizadas de 1990 a 1994, sobre questões pendentes referentes à Parte XI e dispositivos correlatos da Convenção (doravante denominados "Parte XI"), 

Notando as mudanças políticas e econômicas, incluindo práticas orientadas para o mercado, que afetam a implementação da Parte XI,

Desejando facilitar a participação universal na Convenção, 

Considerando que um acordo relativo à implementação da Parte XI seria o melhor meio para alcançar esse objetivo, 

Acordaram no seguinte: 

Artigo 1
Implementação da Parte XI

1.Os Estados Partes neste Acordo comprometem-se a implementar a Parte XI em conformidade com este Acordo.

2.O Anexo constitui parte integral deste Acordo.

Artigo 2
Relação entre este Acordo e a Parte XI

1.As disposições deste Acordo e da Parte XI serão interpretadas e aplicadas conjuntamente como um único instrumento. Em caso de qualquer inconsistência entre este Acordo e a Parte XI, as disposições deste Acordo prevalecerão.

2.Os Artigos 309 a 319 da Convenção aplicar-se-ão a este Acordo tal como se aplicam à Convenção.

Artigo 3
Assinatura

O presente Acordo permanecerá aberto à assinatura, na sede das Nações Unidas, pelos Estados e entidades referidos no artigo 305 a), c), d), e) e f) da Convenção, por 12 meses a contar da data de sua adoção.

Artigo 4
Consentimento em Obrigar-se

1.Após a adoção deste Acordo, qualquer instrumento de ratificação, confirmação formal ou adesão à Convenção representará igualmente consentimento em obrigar-se por este Acordo.

2.Nenhum Estado ou entidade pode manifestar seu consentimento em obrigar-se pelo presente Acordo a menos que tenha previamente manifestado, ou manifeste simultaneamente, seu consentimento em obrigar-se pela Convenção.

3.Os Estados ou entidades referidos no artigo 3 podem manifestar seu consentimento em obrigar-se pelo presente Acordo por meio de:

a) Assinatura não sujeita a ratificação, confirmação formal ou o procedimento estabelecido no artigo 5;

b) Assinatura sujeita a ratificação ou confirmação formal, seguida de ratificação ou confirmação formal;

c) Assinatura sujeita ao procedimento estabelecido no artigo 5; ou

d) Adesão.

4.A confirmação formal por parte das entidades referidas no artigo 305, parágrafo 1 f), da Convenção deverá estar de acordo com o Anexo IX da Convenção.

5.Os instrumentos de ratificação, confirmação formal ou adesão deverão ser depositados junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

Artigo 5
Procedimento Simplificado

1.Um Estado ou entidade que, antes da data de adoção do presente Acordo, tenha depositado um instrumento de ratificação, de confirmação formal ou de adesão à Convenção e que tenha assinado este Acordo nos termos do Artigo 4, parágrafo 3 c), será considerado como tendo manifestado seu consentimento em obrigar-se por este Acordo 12 meses após a data de sua adoção, a menos que esse Estado ou entidade notifique o depositário por escrito, antes daquele prazo, que não deseja fazer uso do procedimento simplificado estabelecido por este artigo.

2.No caso de ocorrer tal notificação, o consentimento em obrigar-se pelo presente Acordo se manifestará nos termos do artigo 4, parágrafo 3 b).

Artigo 6
Entrada em Vigor

1.O presente Acordo entrará em vigor 30 dias após a data em que 40 Estados tenham manifestado seu consentimento em obrigar-se nos termos dos artigos 4 e 5, desde que entre eles se incluam ao menos sete dos Estados mencionados na alínea a) do parágrafo 1 da resolução II da Terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (doravante denominada "resolução II"), dos quais ao menos cinco deverão ser Estados desenvolvidos. Caso estas condições para a entrada em vigor estiverem preenchidas antes de 16 de novembro de 1994, o presente Acordo entrará em vigor no dia 16 de novembro de 1994.

2.Para cada Estado ou entidade que manifeste seu consentimento em obrigar-se pelo presente Acordo depois de preenchidos os requisitos estabelecidos  no parágrafo 1, este Acordo entrará em vigor no trigésimo dia a partir da data em que o Estado ou entidade haja manifestado seu consentimento em obrigar-se.

Artigo 7
Aplicação Provisória

1.Caso o presente Acordo não tenha entrado em vigor no dia 16 de novembro de 1994, será aplicado provisoriamente até sua entrada em vigor:

a) pelos Estados que tenham consentido em sua adoção na Assembléia Geral das Nações Unidas, salvo aqueles que, antes de 16 de novembro de 1994, notifiquem ao depositário por escrito que não aplicarão dessa forma o Acordo, ou que consentirão com tal aplicação somente mediante assinatura ou notificação por escrito;

b) pelos Estados e entidades que assinarem este Acordo, salvo aqueles que notificarem ao depositário por escrito, no momento da assinatura, que não aplicarão dessa forma o Acordo;

c) pelos Estados e entidades que consentirem com sua aplicação provisória mediante notificação por escrito ao depositário;

d) pelos Estados que aderirem a este Acordo.

2.Todos esses Estados e entidades aplicarão este Acordo provisoriamente de conformidade com suas leis e regulamentos nacionais ou internos, com efeito a partir de 16 de novembro de 1994 ou da data da assinatura, notificação de consentimento ou adesão, caso seja posterior.

3.A aplicação provisória cessará na data da entrada em vigor deste Acordo. De toda forma, a aplicação provisória cessará em 16 de novembro de 1998 caso, nesta data, não se tenha cumprido o requisito estabelecido no parágrafo 1 do Artigo 6 de que ao menos sete dos Estados mencionados na alínea a) do parágrafo 1 da resolução II (dos quais ao menos cinco deverão ser Estados desenvolvidos) tenham consentido em obrigar-se pelo presente Acordo.

Artigo 8
Estados Partes

1.Para os efeitos deste Acordo, pela expressão "Estados Partes" se entende os Estados que tenham consentido em obrigar-se pelo presente Acordo e para os quais este Acordo esteja em vigor.

2.Este Acordo se aplicará mutatis mutandis às entidades mencionadas no artigo 305 parágrafo 1 c), d), e) e f) da Convenção, que se tornem Partes no presente Acordo de conformidade com as condições relativas a cada uma delas e, nessa medida, a expressão "Estados Partes" refere-se a essas entidades.

Artigo 9
Depositário

O Secretário-Geral das Nações Unidas é o depositário do presente Acordo.

Artigo 10
Textos Autênticos

O original deste Acordo, cujos textos em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo são igualmente autênticos, fica depositado em poder do Secretário-Geral das Nações Unidas.

Em fé do que, os Plenipotenciários abaixo assinados, devidamente autorizados para o efeito, assinaram o presente Acordo.

Feito em Nova York, em vinte e nove de julho de mil novecentos e noventa e quatro.

ANEXO

Seção 1 - Custos para os Estados Partes e Arranjos Institucionais

1.A Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (doravante denominada "a Autoridade") é a organização por intermédio da qual os Estados Partes na Convenção, de conformidade com o regime estabelecido na Parte XI e no presente Acordo, organizam e controlam as atividades na Área, particularmente com vistas à gestão dos recursos da Área. A Autoridade tem os poderes e as funções que lhe são expressamente conferidos pela Convenção. A Autoridade terá os poderes subsidiários, compatíveis com a Convenção, que sejam implícitos e necessários ao exercício daqueles poderes e funções no que se refere às atividades na Área.

2.Com vistas a reduzir ao mínimo os custos para os Estados Partes, todos os órgãos e órgãos subsidiários a serem estabelecidos nos termos da Convenção e deste Acordo deverão realizar suas atividades de maneira eficaz em função dos custos. Este princípio se aplicará igualmente à freqüência, à duração e à programação das reuniões.

3.O estabelecimento e o funcionamento dos órgãos e órgãos subsidiários da Autoridade se basearão num critério evolutivo, tendo em conta as necessidades funcionais dos órgãos e órgãos subsidiários em questão, com vistas a que possam cumprir eficazmente suas respectivas responsabilidades nas diversas etapas de desenvolvimento das atividades na Área.

4.As funções iniciais da Autoridade, ao entrar em vigor a Convenção, serão desempenhadas pela Assembléia, o Conselho, o Secretariado, a Comissão Jurídica e Técnica e o Comitê de Finanças. As funções da Comissão de Planejamento Econômico serão desempenhadas pela Comissão Jurídica e Técnica até decisão em contrário do Conselho  ou até a aprovação do primeiro plano de trabalho para aproveitamento.

5.Entre a entrada em vigor da convenção e a aprovação do primeiro plano de trabalho para aproveitamento, a Autoridade concentrará seus esforços em:

a) processar os pedidos de aprovação dos planos de trabalho para exploração de conformidade com a Parte XI e este Acordo;

b) implementar as decisões da Comissão Preparatória da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos e do Tribunal Internacional do Direito do Mar (doravante denominada "a Comissão Preparatória") relativas aos investidores pioneiros registrados e seus Estados certificadores, incluindo seus direitos e obrigações, nos termos do artigo 308, parágrafo 5, da Convenção e do parágrafo 13 da resolução II;

c) monitorar o cumprimento dos planos de trabalho para exploração aprovados na forma de contratos;

d) monitorar e examinar as tendências e os desenvolvimentos relativos às atividades de mineração dos fundos marinhos, incluindo análises periódicas das condições do mercado mundial de metais, bem como dos preços, tendências e perspectivas dos metais;

e) estudar o impacto potencial da produção mineral da Área sobre as economias dos Estados em desenvolvimento produtores terrestres desses minerais que possam ser mais seriamente afetados, a fim de minimizar suas dificuldades e auxiliar-lhes em seu reajuste econômico, tendo em conta o trabalho realizado a este respeito pela Comissão Preparatória;

f) adotar normas, regulamentos e procedimentos necessários para a realização das atividades na Área, à medida que progridam. Não obstante as disposições do artigo 17, parágrafo 2 b) e c), do Anexo III da Convenção, tais normas, regulamentos e procedimentos deverão levar em conta os termos deste Acordo, o atraso prolongado na mineração comercial dos fundos marinhos e o ritmo previsível das atividades na Área;

g) adotar normas, regulamentos e procedimentos que incorporem padrões aplicáveis para a proteção e preservação do meio ambiente marinho;

h) promover e alentar a condução de pesquisa científica marinha, no que se refere às atividades na Área, e a coleta e disseminação dos resultados de tais pesquisas e análises, quando disponíveis, com particular ênfase para a pesquisa relativa ao impacto ambiental das atividades na Área;

i) obter conhecimento científico e acompanhar o desenvolvimento da tecnologia marinha relevante para as atividades na Área, especialmente tecnologia relativa à proteção e preservação do meio ambiente marinho;

j) avaliar dados disponíveis referentes à prospecção e exploração;

k) elaborar, em tempo útil, normas, regulamentos e procedimentos para o aproveitamento, incluindo os relativos à proteção e preservação do meio ambiente marinho.

6. a) Um pedido de aprovação de um plano de trabalho para exploração será analisado pelo Conselho após o recebimento de uma recomendação sobre o pedido feita pela Comissão Jurídica e Técnica. O processamento desses pedidos de aprovação de um plano de trabalho para exploração deve estar de Acordo com as disposições da Convenção, incluindo seu Anexo III, e este Acordo, e sujeito às seguintes condições:

i) Considerar-se-á que um plano de trabalho para exploração, submetido em nome de um Estado ou entidade, ou qualquer componente desta, referidos no parágrafo 1 a), itens ii) ou iii), da Resolução II, que não seja um investidor pioneiro registrado e que já tenha realizado atividades substanciais na Área antes da entrada em vigor da Convenção, ou em nome do sucessor de seus interesses, cumpriu os requisitos financeiros e técnicos necessários para a aprovação do plano de trabalho se o Estado ou os Estados patrocinadores certificarem que o solicitante gastou uma quantia equivalente a pelo menos 30 milhões de dólares americanos em atividades de pesquisa e exploração e que destinou ao menos 10 por cento de tal quantia na localização, estudo e avaliação da área mencionada no plano de trabalho. Se o plano de trabalho por outro lado satisfaz os requisitos da Convenção e das normas, regulamentos e procedimentos adotados em conformidade com ela, será aprovado pelo Conselho sob a forma de um Contrato. As disposições do parágrafo 11 da Seção 3 deste Anexo serão interpretadas e aplicadas nesse sentido;

ii) Não obstante o disposto no parágrafo 8 a) da resolução II, um investidor pioneiro registrado poderá requerer a aprovação de um plano de trabalho para exploração num prazo de 36 meses contados a partir da entrada em vigor da Convenção. O plano de trabalho para exploração compreenderá os documentos, relatórios e demais dados submetidos pela Comissão Preparatória antes e depois do registro e será acompanhado de um certificado de cumprimento, que consistirá num relatório factual em que se descreva o estágio de cumprimento das obrigações compreendidas no regime de investidores pioneiros, expedido pela Comissão Preparatória de acordo com o parágrafo 11 a) da resolução II. Tal plano de trabalho será considerado aprovado. O Plano de trabalho aprovado terá a forma de um contrato concluído entre a Autoridade e o investidor pioneiro registrado em conformidade com a Parte XI e este Acordo. A taxa de 250.000 dólares dos Estados Unidos, paga em virtude do disposto no parágrafo 7 a) da resolução II, será considerada como a taxa relativa à fase de exploração referente ao parágrafo 3 da Seção 8 deste Anexo. O parágrafo 11 da Seção 3 deste Anexo será interpretado e aplicado nesse sentido;

iii) Em conformidade com o princípio da não-discriminação, um contrato com um Estado ou entidade, ou qualquer componente desta, mencionados no item i) da alínea a) incluirá arranjos similares e não menos favoráveis do que os acordados com qualquer investidor pioneiro registrado referido no item ii) da alínea a). Se qualquer Estado ou entidade, ou qualquer componente desta, mencionados na alínea a), item i), obtiver arranjos mais favoráveis, o Conselho estipulará arranjos similares e não menos favoráveis com referência aos direitos e obrigações assumidas pelos investidores pioneiros registrados referidos na alínea a), item ii), desde que tais arranjos não afetem nem prejudiquem os interesses da Autoridade;

iv) Um Estado que patrocina uma solicitação de um plano de trabalho nos termos do disposto na alínea a), itens i) ou ii), poderá ser um Estado Parte ou um Estado que aplique este Acordo provisoriamente segundo o Artigo 7, ou um Estado que seja membro da Autoridade em caráter provisório, de acordo com o parágrafo 12;

v) O parágrafo 8 c) da resolução II será interpretado e aplicado de acordo com o estabelecido na alínea a), item iv).

b) A aprovação de um plano de trabalho para exploração se fará de conformidade com o disposto no Artigo 153, parágrafo 3, da Convenção.

7.Toda solicitação de aprovação de um plano de trabalho será acompanhada  por uma avaliação dos possíveis impactos ambientais das atividades propostas e pela descrição de um programa de estudos oceanográficos e de referência sobre o meio ambiente, de acordo com as normas, regulamentos e procedimentos adotados pela Autoridade.

8.Toda solicitação de aprovação de um plano de trabalho para exploração, nos termos do parágrafo 6 a), itens i) ou ii), será processada de conformidade com os procedimentos estabelecidos no parágrafo 11 da Seção 3 deste Anexo.

9.Um plano de trabalho para exploração será aprovado por um período de 15 anos. Quando expirar um plano de trabalho para exploração, o operador solicitará a aprovação de um plano de trabalho para aproveitamento, a menos que já o tenha feito ou que tenha obtido uma extensão do plano de trabalho para exploração. Os operadores poderão solicitar tais extensões por períodos não superiores a cinco anos cada. As extensões serão aprovadas se o operador houver-se esforçado de boa fé para cumprir os requisitos do plano de trabalho mas, por razões alheias a sua vontade, não tenha podido completar o trabalho preparatório necessário para passar à etapa do aproveitamento, ou se as circunstâncias econômicas prevalecentes não justificarem passar à etapa de aproveitamento.

10.A designação de uma área reservada para a Autoridade, conforme o disposto no artigo 8 do Anexo III da Convenção, ocorrerá em conexão com a aprovação da solicitação de um plano de trabalho para exploração ou com a aprovação da solicitação de um plano de trabalho para exploração e aproveitamento.

11.Não obstante o disposto no parágrafo 9, todo plano de trabalho para exploração aprovado, que seja patrocinado por pelo menos um Estado que aplique provisoriamente este Acordo, terminará se tal Estado deixar de aplicar este Acordo provisoriamente e não se tornar um membro provisório nos termos do parágrafo 12 ou não se tornar um Estado Parte.

12.Ao entrar em vigor este Acordo, os Estados e entidades mencionados no artigo 3 deste Acordo que o estejam aplicando provisoriamente nos termos do artigo 7, e para os quais o Acordo não esteja em vigor, poderão continuar a ser membros provisórios da Autoridade até que o Acordo entre em vigor para tais Estados e entidades, em conformidade com as seguintes disposições:

a) Se este Acordo entrar em vigor antes de 16 de novembro de 1996, tais estados e entidades terão direito a continuar participando como membros provisórios da Autoridade mediante notificação ao depositário do Acordo, por tal Estado ou entidade, da intenção de participar como membros provisórios. A participação provisória terminará em 16 de novembro de 1996 ou na data de entrada em vigor deste Acordo e da Convenção para tais membros, se esta for anterior àquela. O Conselho poderá, por solicitação do Estado ou entidade interessado, prorrogar essa participação além de 16 de novembro de 1996 por um ou mais períodos adicionais não excedendo um total de dois anos, desde que o Conselho se satisfaça de que o Estado ou entidade interessado se tenha esforçado, de boa fé, para tornar-se parte no Acordo e na Convenção;

b) Se este Acordo entrar em vigor após 15 de novembro de 1996, tais Estados e entidades poderão requerer ao Conselho que lhes permita continuar como membros provisórios da Autoridade por um ou mais períodos que não ultrapassem 16 de novembro de 1998. O Conselho concederá tal participação, com efeito a partir da data de solicitação, caso se satisfaça de que o Estado ou entidade se tenha esforçado, de boa fé, para tornar-se parte no Acordo e na Convenção;

c) Os Estados e entidades que sejam membros provisórios da Autoridade, nos termos das alíneas a) e b), aplicarão as disposições da Parte XI e deste Acordo em conformidade com suas leis, regulamentos e assignações orçamentárias anuais nacionais ou internas e terão os mesmos direitos e obrigações que os demais membros, incluindo:

i) A obrigação de contribuir para o orçamento administrativo da Autoridade, segundo a escala de contribuições;

ii) O direito de patrocinar solicitações de aprovação de planos de trabalho para exploração. No caso de entidades cujos componentes sejam pessoas físicas ou jurídicas que possuam a nacionalidade de mais de um Estado, os planos de trabalho não serão aprovados a menos que todos os Estados cujas pessoas físicas ou jurídicas componham tais entidades sejam Estados Partes ou membros provisórios;

d) Não obstante o disposto no parágrafo 9, um plano de trabalho aprovado na forma de um contrato para exploração que tenha sido patrocinado, conforme o disposto na alínea c), item ii), por um Estado que era membro provisório terminará se tal Estado ou entidade deixar de ser membro provisório e não tornar-se Estado Parte;

e) Se um membro provisório deixar de pagar suas contribuições ou de outra forma deixar de cumprir suas obrigações conforme o disposto neste parágrafo, terminará sua qualidade de membro provisório.

13.A referência no Artigo 10 do Anexo III da Convenção à execução de modo não satisfatório será interpretada como se referindo ao operador que não tenha cumprido os requisitos de um plano de trabalho aprovado, apesar de a Autoridade ter-lhe dirigido uma ou mais advertências por escrito sobre seu cumprimento.

14.A Autoridade terá seu próprio orçamento. Até o fim do ano seguinte ao ano em que este Acordo entrar em vigor, as despesas administrativas da Autoridades serão cobertas pelo orçamento das Nações Unidas. A partir de então, as despesas administrativas da Autoridade serão cobertas por contribuições de seus membros, incluídos os membros provisórios, nos termos do disposto no artigo 171 a) e no artigo 173 da Convenção e neste Acordo, até que a Autoridade tenha fundos suficientes de outras fontes para cobrir essas despesas. A Autoridade não exercerá a faculdade de contrair empréstimos para financiar seu orçamento administrativo, prevista no Artigo 174, parágrafo 1, da Convenção.

15.A Autoridade elaborará e adotará, em conformidade com o Artigo 162, parágrafo 2 o) ii) da Convenção, normas, regulamentos e procedimentos baseados nos princípios contidos nas Seções 2, 5, 6, 7 e 8 deste Anexo, assim como quaisquer normas, regulamentos e procedimentos adicionais que sejam necessários para facilitar a aprovação de planos de trabalho para exploração ou aproveitamento, nos seguintes termos:

a) O Conselho poderá empreender a elaboração de tais normas, regulamentos ou procedimentos no momento em que considere que sejam necessários para a realização de atividades na Área, ou quando determine que a exploração comercial seja iminente, ou ainda por solicitação de um Estado cujo nacional tencione solicitar a aprovação de um plano de trabalho para aproveitamento;

b) Se uma solicitação for feita por um Estado referido na alínea a), o Conselho, em conformidade com o Artigo 162, parágrafo 2 o), da Convenção, completará a adoção de tais normas, regulamentos e procedimentos dentro dos dois anos seguintes ao pedido;

c) Caso o Conselho não tenha finalizado a elaboração das normas, regulamentos e procedimentos relativos ao aproveitamento dentro do prazo prescrito, e esteja pendente a aprovação de uma solicitação de plano de trabalho para aproveitamento, esse órgão de toda maneira deverá considerar e aprovar provisoriamente tal plano de trabalho com base nos dispositivos da Convenção e quaisquer normas, regulamentos e procedimentos que o Conselho tenha adotado provisoriamente, ou com base nas normas da Convenção e nos termos e princípios deste Anexo, bem como no princípio de não-discriminação entre os operadores.

16.Os projetos de normas, regulamentos e procedimentos e todas as recomendações relativas às disposições da Parte XI, contidas nos relatórios e recomendações da Comissão Preparatória, serão levados em conta pela Autoridade na adoção das normas, regulamentos e procedimentos nos termos da Parte XI e deste Acordo.

17.As disposições pertinentes da Seção 4 da Parte XI da Convenção serão interpretadas e aplicadas em conformidade com este Acordo.

Seção 2 - A Empresa

1.O Secretariado da Autoridade desempenhará as funções da Empresa até que ela comece a operar independentemente do Secretariado. O Secretário-Geral da Autoridade designará de entre os funcionários da Autoridade um Diretor-Geral interino para supervisionar o desempenho dessas funções pelo Secretariado.

Essas funções serão de:

a) acompanhamento e revisão das tendências e desenvolvimentos relativos às atividades de mineração dos fundos marinhos, incluindo a análise regular das condições do mercado de metais e seus preços, tendências e perspectivas;

b) avaliação dos resultados da condução da pesquisa científica marinha relativa às atividades na Área, com particular ênfase na pesquisa relacionada com o impacto ambiental das atividades na Área;

c) avaliação dos dados disponíveis referentes à prospecção e exploração, incluindo os critérios a que devem obedecer tais atividades;

d) avaliação dos desenvolvimentos tecnológicos relevantes para as atividades na Área, em particular as tecnologias relacionadas com a proteção e preservação do meio ambiente marinho;

e) avaliação de informações e dados referentes às áreas reservadas para a Autoridade;

f) avaliação de modalidades para operações de empreendimentos conjuntos;

g) coleta de informações sobre a disponibilidade de mão-de-obra qualificada;

h) estudo das opções de políticas de gestão para a administração da Empresa nas diferentes fases de suas operações.

2.A Empresa conduzirá suas operações iniciais de mineração dos fundos marinhos através de empreendimentos conjuntos. Ao aprovar-se um plano de trabalho para aproveitamento para uma entidade que não a Empresa, ou ao receber o Conselho um pedido de uma operação de empreendimento conjunto com a Empresa, o Conselho examinará a questão do funcionamento da Empresa independentemente do Secretariado da Autoridade. Se as operações de empreendimento conjunto com a Empresa se basearem em princípios comerciais sólidos, o Conselho emitirá uma diretriz, nos termos do artigo 170, parágrafo 2, da Convenção, no sentido de determinar esse funcionamento independente.

3.A obrigação dos Estados Partes de financiar as atividades da Empresa em um setor mineiro, prevista no artigo 11, parágrafo 3, do Anexo IV da Convenção, não se aplicará e os Estados Partes não estarão obrigados a financiar qualquer operação em quaisquer setores mineiros da Empresa nem as referentes a seus empreendimentos conjuntos.

4.As obrigações aplicáveis aos operadores aplicar-se-ão à Empresa. Não obstante as disposições do artigo 153, parágrafo 3, e do artigo 3, parágrafo 5, do Anexo III da Convenção, um plano de trabalho para a Empresa terá, uma vez aprovado, a forma de um contrato concluído entre a Autoridade e a Empresa.

5.Um operador que tenha contribuído com uma determinada área para a Autoridade, como área reservada, tem o direito de opção preferente para entrar num empreendimento conjunto com a Empresa para a exploração e aproveitamento dessa área. Se a Empresa não submeter um pedido de aprovação de um plano de trabalho para atividades relativas a essa área reservada no prazo de 15 anos após o início de suas funções independentes do Secretariado da Autoridade ou no prazo de 15 anos após a data em que essa área foi reservada para a Autoridade,  se for posterior, o operador que contribuiu com a área terá direito a solicitar a aprovação de um plano de trabalho para essa área, desde que ofereça, de boa fé, incluir a Empresa como sócia num empreendimento conjunto.

6.O artigo 170, parágrafo 4, o Anexo IV e outras disposições da Convenção relativas à Empresa serão interpretadas e aplicadas em conformidade com esta Seção.

Seção 3 - Tomada de Decisão

1.As políticas gerais da Autoridade serão estabelecidas pela Autoridade, em colaboração com o Conselho.

2.Como regra geral, a tomada de decisão nos órgãos da Autoridade será feita por consenso.

3.Se todos os esforços para alcançar uma decisão por consenso tiverem sido esgotados, as decisões por votação na Assembléia sobre questões de procedimento serão tomadas pela maioria dos membros presentes e votantes, e as decisões sobre questões de substância serão tomadas pela maioria de dois terços dos membros presentes e votantes, conforme o artigo 159, parágrafo 8,  da Convenção.

4.As decisões da Assembléia sobre qualquer matéria para qual o Conselho também tenha competência, ou sobre qualquer assunto de natureza administrativa, orçamentária ou financeira, serão baseadas em recomendações do Conselho. Se a Assembléia não aceitar as recomendações do Conselho sobre determinada matéria, a questão deverá retornar ao Conselho para ser novamente examinada. O Conselho deverá reconsiderar a questão à luz das opiniões expressadas pela Assembléia.

5.Se todos os esforços para alcançar uma decisão por consenso tiverem sido esgotados, as decisões por votação no Conselho sobre questões de procedimento serão tomadas pela maioria dos membros presentes e votantes, e as decisões sobre questões de substância, exceto nos casos em que a Convenção determine que as decisões do Conselho sejam por consenso, serão tomadas pela maioria de dois terços dos membros presentes e votantes, desde que não tenham a oposição de uma maioria em qualquer das câmaras mencionadas no parágrafo 9. Ao tomar decisões, o Conselho deverá procurar promover os interesses de todos os membros da Autoridade.

6.O Conselho poderá adiar a tomada de uma decisão de forma a facilitar negociações ulteriores sempre que se afigure não terem sido esgotados todos os esforços no sentido de alcançar consenso sobre uma questão.

7.As decisões da Assembléia ou do Conselho que tenham implicações financeiras ou orçamentárias serão baseadas em recomendações do Comitê de Finanças.

8.As disposições do artigo 161, parágrafo 8 b) e c) da Convenção não se aplicarão.

9.a) Cada grupo de Estados eleitos nos termos do parágrafo 15 a) a c) será considerado uma câmara para efeitos de votação no Conselho. Os Estados em desenvolvimento eleitos nos termos do parágrafo 15 d) e e) serão tratados como uma única câmara para efeitos de votação no Conselho.

b) Antes de eleger os membros do Conselho, a Assembléia estabelecerá listas de países que preenchem os critérios que definem a qualidade de membro dos grupos de Estados a que se refere o parágrafo 15 a) a d). Se um Estado preenche os critérios em mais de um grupo, só poderá ser proposto ao Conselho por um grupo para eleição e representará apenas esse grupo nas votações do Conselho.

10.Cada grupo de Estados mencionado o parágrafo 15 a) a d) será representado no Conselho pelos membros designados por esse grupo. Cada grupo designará apenas tantos candidatos quanto o número de lugares a preencher por esse grupo. Quando o número de potenciais candidatos em cada um dos grupos a que se refere o parágrafo 15 a) a e) exceder o número de assentos disponíveis para cada um desses grupos, deve aplicar-se, como regra geral, o princípio da rotação. Os Estados membros de cada um desses grupos determinarão como esse princípio se aplicará a esses grupos.

11.a) O Conselho aprovará uma recomendação da Comissão Jurídica e Técnica para aprovação de um plano de trabalho a menos que o Conselho decida, por maioria de dois terços dos membros presentes e votantes, incluindo a maioria de membros presentes e votantes em cada uma das câmaras do Conselho, rejeitar esse plano de trabalho. Se o Conselho não adotar uma decisão sobre uma recomendação de aprovação de um plano de trabalho dentro de um determinado prazo, a recomendação será considerada aprovada pelo Conselho ao término desse prazo. O prazo fixado será normalmente de 60 dias, a menos que o Conselho decida ampliá-lo. Se a Comissão recomendar a rejeição de um plano de trabalho ou não fizer qualquer recomendação, o Conselho poderá, apesar disso, aprovar o plano de trabalho de acordo com suas regras de procedimento para tomada de decisão em matéria de substância.

b) As disposições do artigo 162, parágrafo 2 j), da Convenção não se aplicarão.

12.Quando ocorrer um diferendo acerca da rejeição de um plano de trabalho, tal diferendo será submetido aos procedimentos de solução de controvérsias estabelecidos na Convenção.

13.As decisões por votação na Comissão Jurídica e Técnica serão tomadas pela maioria dos membros presentes e votantes.

14.As subseções B e C da seção 4 da parte XI da Convenção serão interpretadas e aplicadas de acordo com esta Seção.

15.O Conselho consistirá de 36 membros da Autoridade eleitos pela Assembléia na seguinte ordem:

a) Quatro membros dentre os Estados Partes que, durante os últimos cinco anos para os quais se disponha de estatísticas, tenham consumido mais de 2 por cento em valor do consumo mundial total ou tenham efetuado importações líquidas de mais de 2 por cento em valor das importações mundiais totais de bens produzidos a partir das categorias de minerais que venham a ser extraídos da Área, desde que esses quatro membros incluam um Estado da região da Europa Oriental com a maior economia dessa região em termos de produto interno bruto e o Estado que, na data de entrada em vigor da Convenção, tenha a maior economia em termos de produto interno bruto, se tais Estados desejarem estar representados nesse grupo;

b) Quatro membros dentre os oito Estados Partes que, diretamente ou por meio de seus nacionais, tenham feito os maiores investimentos na preparação e na condução de atividades na Área;

c) Quatro membros dentre os Estados Partes que, com base na produção de áreas sob sua jurisdição, sejam importantes exportadores líquidos das categorias de minerais a serem extraídos da Área, aí incluídos pelo menos dois Estados em desenvolvimento cujas exportações de tais minerais tenham substancial influência em suas economias;

d) Seis membros dentre Estados Partes em desenvolvimento que representem interesses especiais. Os interesses especiais a ser representados incluirão os dos Estados com grandes populações, os dos Estados sem litoral ou geograficamente desfavorecidos, os dos Estados insulares, os dos Estados que sejam importantes importadores das categorias de minerais a serem extraídos da Área, os dos Estados que sejam produtores potenciais de tais metais e os dos Estados menos desenvolvidos;

e) Dezoito membros eleitos segundo o princípio de assegurar uma distribuição geográfica eqüitativa de assentos do Conselho como um todo, no entendimento de que cada região geográfica contará com ao menos um membro eleito nos termos da presente alínea. Para este fim, as regiões geográficas serão África, Ásia, Europa Oriental, América Latina e Caribe e Europa Ocidental e Outros.

16.As disposições do artigo 161, parágrafo 1, da Convenção não se aplicarão.

Seção 4 - Conferência de Revisão

As disposições relativas à Conferência de Revisão do artigo 155, parágrafos 1, 3 e 4, da Convenção não se aplicarão. Sem prejuízo das disposições do artigo 314, parágrafo 2, da Convenção, a Assembléia, por recomendação do Conselho, poderá efetuar a qualquer momento uma revisão das questões referidas no artigo 155, parágrafo 1, da Convenção. As emendas relativas a este Acordo e à Parte XI estarão sujeitas aos procedimentos contidos nos artigos 314, 315 e 316 da Convenção, desde que se mantenham os princípios, o regime e as outras condições referidos no artigo 155, parágrafo 2, da Convenção e que não sejam afetados os direitos referidos no parágrafo 5 daquele artigo.

Seção 5 - Transferência de Tecnologia

1.Além das disposições do artigo 144 da Convenção, a transferência de tecnologia, para os fins da Parte XI, será governada pelos seguintes princípios:

a) A Empresa e os Estados em desenvolvimento que desejarem obter tecnologia para a mineração dos fundos marinhos procurarão obter essa tecnologia segundo termos e condições comerciais justos e razoáveis no mercado aberto, ou por meio de arranjos de empreendimentos conjuntos;

b) Se a Empresa ou os Estados em desenvolvimento não conseguirem obter tecnologia para a mineração dos fundos marinhos, a Autoridade poderá pedir a todos ou a qualquer dos contratantes e seus respectivos Estados ou Estado patrocinantes que com ela cooperem para facilitar a aquisição de tecnologia para a mineração dos fundos marinhos pela Empresa ou seu empreendimento conjunto, ou por um Estado ou Estados em desenvolvimento que desejarem adquirir essa tecnologia segundo termos e condições comerciais justos e razoáveis, consistente com a efetiva proteção dos direitos de propriedade intelectual. Os Estados Partes se comprometem a cooperar plena e efetivamente com a Autoridade para esse propósito e a assegurar que os contratantes por eles patrocinados também cooperem plenamente com a Autoridade;

c) Como regra geral, os Estados Partes promoverão cooperação internacional técnica e científica com respeito às atividades na Área, tanto entre as partes interessadas, quanto mediante o desenvolvimento de programas de treinamento, assistência técnica e cooperação científica em tecnologia e ciências marinhas e na proteção e preservação do meio ambiente marinho.

2.As disposições do artigo 5 do Anexo III da Convenção não se aplicarão.

Seção 6 - Política de Produção

1.A política de produção da Autoridade se baseará nos seguintes princípios:

a) O aproveitamento dos recursos da Área será feito segundo princípios comerciais sólidos;

b) Os dispositivos do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, seus correspondentes códigos e os acordos que o sucedam ou substituam se aplicarão com respeito às atividades na Área;

c) Em particular, as atividades na Área não serão subsidiadas, exceto na medida em que o permitam os acordos mencionados na alínea b). O termo subsidiar, para os fins destes princípios, será definido segundo os acordos mencionados na alínea b);

d) Não haverá discriminação entre os minerais extraídos da Área e de outras fontes. Não haverá acesso preferencial aos mercados para tais minerais, nem para as importações de produtos básicos elaborados a partir deles, em particular:

i) pelo uso de barreiras tarifárias ou não tarifárias; e

ii) dados por Estados Partes a tais minerais ou produtos básicos produzidos por suas empresas estatais ou por pessoas físicas ou jurídicas de sua nacionalidade ou que sejam controladas por eles ou seus nacionais;

e) O plano de trabalho para aproveitamento aprovado pela Autoridade, com respeito a cada área de mineração, indicará o cronograma de produção previsto, que incluirá as quantidades máximas estimadas de minerais que serão produzidos por ano segundo o plano de trabalho;

f) As regras seguintes se aplicarão à solução de controvérsias relativas aos dispositivos dos acordos mencionados na alínea b):

i) se os Estados Partes envolvidos forem partes nesses acordos, recorrerão aos procedimentos de solução de controvérsias previstos nesses acordos;

ii) se um ou mais dos Estados Partes envolvidos não forem partes nesses acordos, recorrerão aos procedimentos de solução de controvérsias estabelecidos na Convenção;

g) Nos casos em que se determine, segundo os acordos mencionados na alínea b), que um Estado Parte tenha outorgado subsídios que sejam proibidos ou que resultem em prejuízo aos interesses de outro Estado Parte, e que o Estado Parte ou Estados Partes em questão não tenham adotado as providências cabíveis, um Estado Parte poderá pedir ao Conselho que adote medidas adequadas.

2.Os princípios contidos no parágrafo 1 não afetarão os direitos e obrigações previstos nos dispositivos dos acordos mencionados na alínea b) do parágrafo 1, nem os acordos de livre comércio e de união aduaneira pertinentes, nas relações entre os Estados que sejam partes em tais acordos.

3.A aceitação por um contratante de subsídios além daqueles permitidos nos termos dos acordos mencionados na alínea b) do parágrafo 1 constituirá uma violação dos termos fundamentais do contrato que estabelece um plano de trabalho para a realização de atividades na Área.

4.Qualquer Estado Parte que tenha razões para crer que tenha havido uma infração aos dispositivos do parágrafo 1 b) a d), ou do parágrafo 3, poderá iniciar um procedimento de solução de controvérsias nos termos do parágrafo 1 f )ou g).

5.Um Estado Parte poderá, a qualquer momento, levar ao conhecimento do Conselho atividades que, em sua opinião, sejam incompatíveis com os requisitos do parágrafo 1 b) a d).

6.A Autoridade elaborará normas, regulamentos e procedimentos que garantam a implementação dos dispositivos desta seção, incluindo regras, regulamentos e procedimentos pertinentes que governem a aprovação dos planos de trabalho.

7.Os dispositivos do artigo 151, parágrafos 1 a 7 e 9, do artigo 162, parágrafo 2 q), e do artigo 165, parágrafo 2 n) da Convenção, e do artigo 6, parágrafo 5, e do artigo 7 do Anexo III da Convenção não se aplicarão.

Seção 7 - Assistência Econômica

1.A política da Autoridade de prestar assistência aos países em desenvolvimento que sofram efeitos adversos sérios em seus rendimentos de exportações ou em sua economias resultantes da redução no preço ou no volume de exportações de um mineral, na medida em que tal redução seja causada por atividades na Área, será baseada nos seguintes princípios:

a) A Autoridade estabelecerá um fundo de assistência econômica a partir de uma parcela dos fundos da Autoridade que exceda o necessário para cobrir as despesas administrativas desta. A quantia destinada a tal finalidade será determinada periodicamente pelo Conselho, por recomendação do Comitê de Finanças. Somente fundos oriundos de pagamentos recebidos de contratantes, incluindo a Empresa, e contribuições voluntárias serão utilizados para o estabelecimento do fundo de assistência econômica;

b) Os Estados em desenvolvimento produtores terrestres cujas economias se determine que tenham sido seriamente afetadas pela exploração de minerais dos fundos marinhos receberão assistência do fundo de assistência econômica da Autoridade;

c) A Autoridade prestará assistência, com a utilização do fundo, aos Estados em desenvolvimento produtores terrestres afetados, quando apropriado, em cooperação com as instituições mundiais ou regionais de desenvolvimento existentes que disponham de infra-estrutura e conhecimento técnico necessário para executar tais programas de assistência;

d) O alcance e a duração dessa assistência serão determinados em cada caso. Nessa determinação, serão levadas devidamente em conta a natureza e a magnitude dos problemas enfrentados pelos Estados em desenvolvimento produtores terrestres afetados.

2.O artigo 151, parágrafo 10, da Convenção será implementado por meio das medidas de assistência econômica indicadas no parágrafo 1. O artigo 160, parágrafo 2 l), o artigo 162, parágrafo 2 n), o artigo 164, parágrafo 2 d), o artigo 171 f), e o artigo 173, parágrafo 2 c) da Convenção serão interpretados consequentemente.

Seção 8 - Cláusulas Financeiras dos Contratos

1.Os seguintes princípios servirão como base para o estabelecimento de regras, regulamentos e procedimentos relativos às cláusulas financeiras dos contratos:

a) O sistema de pagamentos à Autoridade será justo tanto para o contratante quanto para a Autoridade e fornecerá os meios adequados para determinar se o contratante cumpriu o disposto no sistema;

b) As taxas de pagamentos estabelecidas pelo sistema serão semelhantes àquelas usualmente utilizadas no que diz respeito à mineração terrestre do mesmo mineral ou de minerais semelhantes, a fim de evitar que se atribua aos produtores de minerais dos fundos marinhos uma vantagem competitiva artificial ou que se lhes imponha uma desvantagem competitiva;

c) O sistema não deverá ser complicado nem impor custos administrativos importantes à Autoridade ou ao contratante. Deverá ser considerada a possibilidade de adotar-se um sistema de royalties, ou um sistema combinado de royalties e participação nos lucros. Caso sejam estabelecidos sistemas alternativos, o contratante terá o direito de escolher o sistema aplicável ao seu contrato. Entretanto, qualquer alteração subsequente na escolha do sistema será feita mediante acordo entre a Autoridade e o contratante;

d) Uma taxa fixa anual será paga a partir da data do início da produção comercial. Essa taxa poderá ser deduzida de outros pagamentos devidos em virtude do sistema adotado nos termos da alínea c). O Conselho estabelecerá o montante da taxa;

e) O sistema de pagamentos poderá ser revisado periodicamente à luz de alterações de circunstâncias. Toda modificação se aplicará de maneira não-discriminatória. Tais modificações poderão aplicar-se aos contratos existentes apenas em caso de escolha do contratante. Qualquer alteração subsequente na escolha do sistema será feita mediante acordo entre a Autoridade e o contratante;

f) As controvérsias relativas à interpretação ou à aplicação das normas e regulamentos baseados nesses princípios serão submetidas aos procedimentos de solução de controvérsias estabelecido na Convenção.

2.Os dispositivos do artigo 13, parágrafos 3 a 10, do Anexo III da Convenção não se aplicarão.

3.Com referência à implementação do artigo 13, parágrafo 2, do Anexo III da Convenção, a taxa para o processamento de pedidos de aprovação de um plano de trabalho limitado a apenas uma fase, seja a fase de exploração ou a fase de aproveitamento, será de 250.000 dólares dos Estados Unidos.

Seção 9 - O Comitê de Finanças

1.Fica estabelecido um Comitê de Finanças. O Comitê será composto de 15 membros com as qualificações adequadas ao tratamento de assuntos financeiros. Os Estados Partes deverão apresentar candidatos dotados dos mais altos padrões de competência e integridade.

2.Não poderão ser membros do Comitê de Finanças duas pessoas que sejam nacionais do mesmo Estado Parte.

3.Os membros do Comitê de Finanças serão eleitos pela Assembléia e se tomará devidamente em conta a necessidade de distribuição geográfica eqüitativa e a representação de interesses especiais. Cada grupo de Estados mencionados no parágrafo 15 a), b), c) e d) da seção 3 deste Anexo serão representados no Comitê por pelo menos um membro. Até que a Autoridade disponha de fundos suficientes, que não as quotas de contribuições, para cobrir seus gastos administrativos, o Comitê incluirá representantes dos cinco maiores contribuintes ao orçamento administrativo da Autoridade. Após esse período, a eleição de um membro de cada grupo será feita com base em indicação pelos membros do respectivo grupo, sem prejuízo da possibilidade de eleição de membros adicionais de cada grupo.

4.Os membros do Comitê de Finanças terão mandato de cinco anos e poderão ser reeleitos para um novo período.

5.Em caso de morte, incapacidade ou renúncia de um membro do Comitê de Finanças antes do término de seu mandato, a Assembléia elegerá uma pessoa da mesma região geográfica ou do mesmo grupo de Estados para cumprir o restante do mandato.

6.Os membros do Comitê de Finanças não poderão ter interesse financeiro em nenhuma atividade relacionada aos assuntos sobre os quais o Comitê tenha responsabilidade de formular recomendações. Não divulgarão, mesmo após o término de suas funções, qualquer  informação confidencial que tenham obtido como decorrência de seus deveres em relação à Autoridade.

7.As decisões da Assembléia e do Conselho sobre os seguintes assuntos levarão em conta as recomendações do Comitê de Finanças:

a) Os projetos de normas, regulamentos e procedimentos financeiros dos órgãos da Autoridade e a gestão financeira e a administração financeira interna da Autoridade;

b) A determinação das contribuições dos membros para o orçamento administrativo da Autoridade, nos termos do artigo 160, parágrafo 2 e), da Convenção;

c) Todos os assuntos financeiros relevantes, incluindo o projeto de orçamento anual preparado pelo Secretário-Geral da Autoridade nos termos do artigo 172 da Convenção e os aspectos financeiros da implementação dos programas de trabalho do Secretariado;

d) O orçamento administrativo;

e) As obrigações financeiras dos Estados Partes derivadas da implementação deste Acordo e da Parte XI, bem como as implicações administrativas e orçamentárias de propostas e recomendações que envolvam gastos dos fundos da Autoridade;

f) As normas, regulamentos e procedimentos relativos à distribuição eqüitativa dos benefícios financeiros e outros benefícios econômicos derivados das atividades na Área e as decisões que se tenham de adotar a respeito.

8.As decisões do Comitê de Finanças sobre questões de procedimento serão adotadas pela maioria dos membros presentes e votantes. As decisões sobre questões de substância serão adotadas por consenso.

9.O requisito do artigo 162, parágrafo 2 y), da Convenção, de criar-se um órgão subsidiário encarregado das questões financeiras, será considerado atendido pelo estabelecimento do Comitê de Finanças conforme a presente seção.


http://www.un.org/depts/los/convention_agreements/convention_overview_part_xi.htm


Agreement relating to the implementation of Part XI of the United Nations Convention on the Law of the Sea of 10 December 1982
Overview

Last updated 21 July 2010


 

    To address certain difficulties with the seabed mining provisions contained in Part XI of the Convention, which had been raised, primarily by the industrialized countries, the Secretary-General convened in July 1990 a series of informal consultations which culminated in the adoption, on 28 July 1994, of the Agreement relating to the implementation of Part XI of the United Nations Convention on the Law of the Sea of 10 December 1982. The Agreement entered into force on 28 July 1996.

    The Agreement was adopted on 28 July 1994 and entered into force on 28 July 1996. It consists of 10 articles dealing mainly with procedural aspects such as signature, entry into force and provisional application. Its article 2 deals with the relationship between the Agreement and Part XI of the Convention and it provides that the two shall be interpreted and applied together as a single instrument. In the event of an inconsistency between the Agreement and Part XI, however, the provisions of the Agreement shall prevail.

     The Agreement has an annex, divided into nine sections, dealing with the various issues that were identified as problem areas during the informal consultations. These include costs to States Parties and institutional arrangements; decision-making mechanisms for the Authority; and future amendments of the Convention.


 

Informal Consultations (see also document A/48/950)

    In July 1990, the Secretary-General, Mr. Javier Pérez de Cuéllar, took the initiative to convene informal consultations aimed at achieving universal participation in the United Nations Convention on the Law of the Sea. The Secretary-General stressed the importance of securing general acceptance of the United Nations Convention on the Law of the Sea, an instrument which represented many years of negotiations and which had already made a significant contribution to the international legal maritime order. He pointed out that though he would continue to encourage all States which had not done so to ratify or accede to the Convention, it had to be acknowledged that there were problems with some aspects of the deep seabed mining provisions of the Convention which had prevented some States from ratifying or acceding to the Convention.

    He noted that in the eight years that had elapsed since the Convention was adopted certain significant political and economic changes had occurred which had had a marked effect on the regime for deep seabed mining contained in the Convention. Prospects for commercial mining of deep seabed minerals had receded into the next century, which was not what was envisaged during the negotiations at the Third United Nations Conference on the Law of the Sea. The general economic climate had been transformed as a result of the changing perception with respect to the roles of the public and private sectors. There was a discernible shift towards a more market-oriented economy. In addition, the Secretary-General made mention of the emergence of a new spirit of international cooperation in resolving outstanding problems of regional and global concern. These factors were to be taken into account in considering the problems with respect to deep seabed mining. 1/

    Thus began a series of informal consultations under the aegis of the Secretary-General on outstanding issues relating to the deep seabed mining provisions of the United Nations Convention on the Law of the Sea.

    These informal consultations took place in the years 1990 to 1994, during which 15 meetings were convened. 2/ They can be conveniently divided into two phases. The first phase was devoted to the identification of issues of concern to some States, the approach to be taken in examining them and the search for solutions. During the second phase more precision was given to the results reached so far; additional points were raised for consideration and participants directed their attention to an examination of consolidated texts embodying these solutions and on the procedure whereby they might be adopted.

The first phase

    During the initial part of this phase the consultations identified nine issues as representing areas of difficulty: costs to States parties; the Enterprise; decision-making; the Review Conference; transfer of technology; production limitation; compensation fund; financial terms of contract; and environmental considerations. After examining the various approaches that might be taken in the examination of these issues, there was general agreement on an approach which enabled participants to examine all the outstanding issues with a view to resolving them and to decide how to deal with those that might remain unresolved.

    Participants then began to review all of these issues seriatim. This review was based on information notes compiled by the Secretariat containing background information, questions that needed to be addressed and possible approaches for the resolution of these issues.

    In the course of six informal consultations held during the years 1990 and 1991, participants completed the consideration of all the outstanding issues relating to the deep seabed mining provisions of the United Nations Convention on the Law of the Sea. It can fairly be said that a certain measure of general agreement was emerging on these issues.

    The results of the Secretary-General's informal consultations held in 1990 and 1991 were set out in the summary of informal consultations conducted by the Secretary-General on the law of the sea during 1990 and 1991, dated 31 January 1992, and in an information note dated 26 May 1992. These results fell under two categories. First, general agreement seemed to have been reached on relatively detailed solutions on: costs to States parties, the Enterprise, decision-making, Review Conference and transfer of technology. Secondly, with respect to production limitation, the compensation fund and financial terms of contract it was generally agreed that it was neither necessary nor prudent to formulate a new set of detailed rules for these items. Accordingly, for those items the information note set out general principles to be applied when commercial production of deep seabed minerals was imminent.

The second phase

    In 1992, the Secretary-General, Mr. Boutros Boutros-Ghali, continued the informal consultations initiated by his predecessor. During this phase the consultations were open to all delegations. Some 75 to 90 delegations attended these meetings. In the first three rounds of this phase, consideration was given to the nine issues in order to give more precision to the results reached so far in the consultations. Additional points were submitted for consideration on the following issues: costs to States parties; the Enterprise; decision-making; Review Conference; and transfer of technology. During these consultations it was decided to remove the issue of environmental considerations from the list of issues, since it was no longer considered to be a controversial issue in the context of deep seabed mining.

    At the informal consultations held on 28 and 29 January 1993, it was generally felt among participants that the stage had been reached when a text based on a more operational approach should be prepared in a form which could be the basis of an agreement.

    In accordance with this request, an information note dated 8 April 1993 was prepared. This information note contained two parts:

(a) Part A dealt with various procedural approaches with respect to the use to be made of the results of the consultations. The four approaches could be summarized as follows:

(i) A contractual instrument such as a protocol amending the Convention;

(ii) An interpretative agreement consisting of understandings on the interpretation and application of the Convention;

(iii) An interpretative agreement on the establishment of an initial Authority and an initial Enterprise during an interim regime accompanied by a procedural arrangement for the convening of a conference to establish the definitive regime for the commercial production of deep seabed minerals when such production became feasible;

(iv) An agreement additional to the Convention providing for the transition between the initial phase and the definitive regime, in particular, the Authority would be mandated to develop solutions for issues still outstanding on the entry into force of the Convention;

(b) Part B set out an operationally directed formulation of the results reached so far in the consultations. It was divided into two sections:

(i) Arrangements following the entry into force of the Convention;

(ii) Draft texts concerning the definitive deep seabed mining regime.

    The procedural approaches were reviewed during consultations held on 27 and 28 April 1993. Certain basic elements emerged from the review of these approaches. It was generally agreed that, whatever approach might be adopted, it must be of a legally binding nature. It was also pointed out that a duality of regimes must be avoided. Finally, as the position of States which have ratified or acceded to the Convention must be respected, it was considered useful to examine the role that the notion of implied or tacit consent might play in protecting their positions.

    For the next round of consultations, held from 2 to 6 August 1993, an information note dated 4 June 1993 was circulated which updated parts A and B (i) of the information note of 8 April 1993 to reflect the observations made during the previous round of consultations. During the course of this round of consultations a paper dated 3 August 1993 prepared by representatives of several developed and developing States was circulated among delegations as a contribution to the process of the consultations. It was understood that the paper, which was commonly known as the "boat paper", did not necessarily reflect the position of any of the delegations involved, but that it was considered to provide a useful basis for negotiation.

    Thereafter, while addressing the substantive issues contained in the information note dated 4 June 1993, delegations also made cross-references to the relevant portions of the "boat paper". That paper was divided into three parts: (i) a draft resolution for adoption by the General Assembly; (ii) a draft Agreement relating to the Implementation of Part XI of the United Nations Convention on the Law of the Sea; and (iii) two annexes. Annex I contained the agreed conclusions of the Secretary-General's consultations and annex II was entitled "Consequential adjustments".

    At the last round of consultations held in 1993 (8-12 November), participants had before them three documents: the information note dated 4 June 1993; a new version of the "boat paper" consolidating the two annexes to the original paper into one; and a paper entitled "Agreement on the Implementation of Part XI and Annexes III and IV of the United Nations Convention on the Law of the Sea", submitted by the delegation of Sierra Leone. At this November meeting participants completed the review of all the items contained in the information note dated 4 June 1993. After having completed consideration of those issues, delegations embarked upon a renewed examination of the issue of "Costs to States parties and institutional arrangements", but this time based essentially on the "boat paper".

    On 16 November 1993, the Convention on the Law of the Sea received its sixtieth instrument of ratification or accession, which means that, in accordance with its terms (article 308), it will enter into force on 16 November 1994. The General Assembly itself invited all States to participate in the consultations and to increase efforts to achieve universal participation in the Convention as early as possible. 3/ The imminent entry into force of the Convention introduced a sense of urgency to the informal consultations.

    During the first round held in 1994 (31 January-4 February), the consultations examined a revised version of the "boat paper", dated November 1993. This revision took into account the discussions which had taken place during the Secretary-General's informal consultations held in November 1993. The work of the current round of consultations focused on some crucial issues:

(a) Decision-making, in particular the question of the relationship between the Authority and the Council, and the question as to which group of States in the Council should be considered chambers for the purposes of decision-making in the Council;

(b) Whether the administrative expenses of the Authority should be met by assessed contributions of its members, including the provisional members of the Authority, or through the budget of the United Nations;

(c) The issue of provisional application of the Agreement and of provisional membership in the Authority.

During this round of consultations progress was made on the latter two issues. A revised version of the document submitted by the delegation of Sierra Leone was submitted to this round of consultations.

    The second round of the Secretary-General's informal consultations in 1994 was held from 4 to 8 April. The meeting had before it a further updated version of the "boat paper" entitled "Draft resolution and draft Agreement relating to the Implementation of Part XI of the 1982 United Nations Convention on the Law of the Sea", dated 14 February 1994.

    Participants undertook an article-by-article review of the draft Agreement. Attention was then focused on the two most important issues facing the consultations: decision-making in the Council, and the Enterprise. These issues, which lay at the heart of the consultations, proved most difficult to resolve. From the outset of the consultations it was evident that these issues could only be resolved in the final stages of this process, when a clearer picture of the results of the consultations had emerged. With respect to decision-making the debate was directed at the system of chambered voting, in particular whether the categories or groups of States, mainly developing States, should be treated as chambers for the purposes of decision-making in the Council. The discussion on the Enterprise centred on the type of mechanism which would trigger the commencement of its operations as well as its functions.

    Revisions were made to the draft Agreement in the light of the debates on the various issues. This in fact was a unique feature of this round of consultations, reflecting the urgency of the situation. The revisions related to provisional application of the Agreement; provisional membership in the Authority; the treatment of the registered pioneer investors; and production policy.

    Based on these revisions, the draft resolution and draft Agreement relating to the Implementation of Part XI of the United Nations Convention on the Law of the Sea were revised in their entirety and a revised text was issued on 8 April 1994, the last day of the meeting.

    During this round of consultations, according to many delegations, significant progress was achieved. It appeared that solutions were found to several important issues, including decision-making, the Enterprise and the treatment of the registered pioneer investors. However, not all the issues were resolved in this round of consultations.

    The last meeting of the Secretary-General's consultations was held from 31 May to 3 June 1994. The primary purpose of this final round of consultations was the harmonization of the text in the various language versions of the draft resolution and draft Agreement relating to the Implementation of Part XI of the 1982 United Nations Convention on the Law of the Sea. The meeting had before it the draft resolution and draft Agreement dated 15 April 1994 which was revised on the basis of discussions in the previous round of consultations and a corrigendum to the document dated 23 May 1994. Two documents (SG/LOS/CRP.1 and SG/LOS/CRP.2), containing suggested amendments of a drafting nature prepared by the Secretariat, were also submitted to the meeting in order to facilitate the process of harmonizing the language versions of the text.

    The first part of the meeting addressed the substantive issues that were still pending, and solutions were found for some of those issues. Delegations, however, continued their search for solutions on matters relating, inter alia, to the treatment of the registered pioneer investors and the issue of representation in the Council. The second part of the meeting was devoted to the task of harmonizing the language versions of the draft resolution and draft Agreement. The final part dealt with the decisions to be taken with regard to the convening of a resumed forty-eighth session of the General Assembly to adopt the draft resolution and draft Agreement.

    At the close of the meeting, delegations were presented with a revised text (SG/LOS/CRP.1/Rev.1), dated 3 June 1994. That document elicited a few drafting comments which are reflected in the text of the draft resolution and draft Agreement relating to the Implementation of Part XI of the United Nations Convention on the Law of the Sea of 10 December 1982, contained in annex I to the present report. A proposed solution to the question of the issue of representation in the Council is to be found in the informal understanding contained in annex II.

    At the conclusion of the informal consultations the delegation of the Russian Federation made a statement reserving its position in view of the fact that a number of proposals it had made had not been reflected in the draft Agreement. In reply, it was pointed out that all proposals made by delegations or groups had been thoroughly examined without exception but that it had not been possible to accept every one of them.

    The consultations then indicated that Member States wished to convene a resumed forty-eighth session of the General Assembly of the United Nations from 27 to 29 July 1994, for adoption of the resolution. They further wished that, after the adoption of the resolution, the Agreement would be immediately opened for signature.

    The objective of the consultations was to achieve wider participation in the Convention from the major industrialized States in order to reach the goal of universality. The consultations led to a result which formed the basis of a general agreement on the issues that were the subject of the consultations.

Notes

1/ See A/45/721 and A/46/724.

2/ Informal consultations were held on the following dates: 19 July 1990; 30 October 1990; 25 March 1991; 23 July 1991; 14 and 15 October 1991; 10 and 11 December 1991; 16 and 17 June 1992; 6 and 7 August 1992; 28 and 29 January 1993; 27 and 28 April 1993; 2-6 August 1993; 8-12 November 1993; 31 January-4 February 1994; 4-8 April 1994; and 31 May-3 June 1994.

3/ General Assembly resolution 48/28.

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